quinta-feira, 18 de junho de 2009

Notícias 18/06/2009




» ÁREAS DE DESLIZAMENTO

Colocação de lonas é única ação em morro
Publicado em 18.06.2009

Codecir afirma que medida é padrão para evitar acidentes em pontos de risco, como o Ibura, onde aposentado morreu soterrado, há sete dias. Especialistas consideram insuficiente a iniciativa da PCR

Sete dias após o deslizamento que matou um aposentado de 77 anos no Ibura, na Zona Sul do Recife, a única medida tomada pela prefeitura para evitar um novo acidente na área foi a colocação de lonas, na manhã de ontem. A Coordenadoria de Defesa Civil do Recife (Codecir) diz que esse é o procedimento padrão para áreas de risco, porém especialistas afirmam que a medida não é suficiente. Desde janeiro, seis pessoas morreram e 62 famílias estão desalojadas por causa de desabamentos de barreiras.

O prefeito João da Costa, que esteve no local do desastre durante a manhã, voltou a afirmar que a prefeitura vai investir R$ 40 milhões em ações educativas e colocação de lonas nas encostas e outros R$ 52 milhões na limpeza de canais. O estado de alerta decretado por causa das chuvas da última sexta-feira está mantido.

João da Costa disse que espera manter os números alcançados pelo ex-prefeito João Paulo, que, segundo ele, conseguiu eliminar 7 mil pontos de risco e evitar cerca de 15 mortes por ano. Questionado a respeito das mortes causadas por deslizamentos, o prefeito se limitou a dizer que, por mais ações que sejam feitas, “acidentes acontecem”.

O professor do departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Roberto Coutinho, pesquisador na área de engenharia geotécnica e fundações, alerta que o problema não é tão simples. As lonas não são eficientes para evitar, por exemplo, deslizamentos causados por vazamentos de canos. “Se for mal colocada, ela pode, inclusive, ser perigosa, porque a água desce por baixo do plástico e causa infiltração na barreira sem ninguém notar.”

Entretanto, a Secretaria de Planejamento diz que a construção de muros de contenção em todas as áreas de risco é inviável. A Secretaria estima que cada obra custa, em média, R$ 1 milhão. “Não compensa gastar uma quantia tão grande para sustentar três casas. Dependendo da encosta, o muro também pode não ser eficiente. Em parte dos casos, a melhor solução é retirar definitivamente as pessoas do local”, completa o professor Roberto Coutinho.

Os moradores afirmam que o pagamento do auxílio-moradia não tem sido feito. Das 11 famílias que precisaram deixar suas casas no Ibura, apenas três foram cadastradas para receber o benefício, porque tiveram as casas demolidas. A prefeitura tem até o dia 31 de julho para começar a pagar o auxílio.