terça-feira, 7 de abril de 2009

Iron Maiden in Recife V






Luciana Ourique






Show histórico do Maiden atrai 18 mil pessoas no Recife

 
Por Tárcio Fonseca
Repórter de Informática

O último dia do mês de março de 2009 foi marcado pelo maior mar de camisetas pretas já visto em Pernambuco. Para o delírio de um público formado por cerca de 18 mil pessoas, o Iron Maiden fez seu primeiro, e já histórico, show no Recife dentro de uma carreira de sucesso que já dura mais de três décadas. No contexto de evento, é bom ver que ainda existe a possibilidade de fazer um show grande de rock aqui em Pernambuco e atrair gente com isso. Tudo bem que Iron Maiden é uma banda gigante que invoca dezenas de milhares de fãs por onde quer que passe, mas incluir o Recife na sua turnê internacional é mais um passo para recolocar a cidade na rota dos grandes shows importados.
Indo para o show em si, o que se vê no palco é uma banda extremamente profissional, que sabe o que seu público quer e entrega a encomenda exatamente do jeito que ela foi pedida. E a turnê Somewhere Back in Time Tour que passou, ontem (31), pelo Recife é prova disso. Nela, a clássica banda de heavy metal toca apenas os sucessos lançados durante a década de 80, considerada a era de ouro do Iron Maiden. Existe apenas uma exceção aberta para Fear of the Dark, música do álbum de mesmo nome lançado em 1992, que tornou-se um dos, senão o maior, sucesso comercial do grupo.
Em pouco mais de 1h40 de show, o Iron disparou sucesso atrás de sucesso, fazendo fãs de todas as idades – pais, filhos, avôs e netos – cantarem junto, se emocionar, chorar, gritar ou fazer tudo o que um evento catártico como o que foi ontem dá direito. O set list foi o mesmo apresentado no show de São Paulo, sem mudança alguma da ordem das músicas ou improvisos. O destaque das que mais empolgaram os presentes ficou para Run to the Hills, Fear of the Dark (com todo coro) e a música Iron Maiden, que trouxe consigo a presença de um Eddie gigante para o palco. O fãs puderam conferir, na ordem:

Intro: Churchill Speech - Aces High, 2 Minutes to Midnight, Wrathchild, Children of the Damned, Phantom of the Opera, The Trooper, Wasted Years, Rime of the Ancient Mariner, Powerslave, Run to the Hills, Fear of the Dark, Hallowed be Thy Name, Iron Maiden, Number of the Beast, The Evil that Men Do e Sanctuary.
Bruce Dickinson foi um maestro da plateia no palco, interagindo com simpatia com o público, levantando os presentes, correndo de um lado pro outro, trocando figurino e mostrando uma potência vocal invejável. Do alto dos seus 50 anos, Bruce passa a impressão de ter fôlego para agüentar ainda mais 30 anos como vocalista do Iron Maiden. Durante a apresentação ele prometeu um novo álbum de estúdio do Iron para 2010 e a volta ao Brasil em nova turnê em 2011.
A estrutura de palco foi muito boa, apesar de ser menor do que a apresentada em São Paulo. A pirotecnia, luzes e efeitos trouxeram a teatralidade que um show do Iron Maiden pede. O som também esteve muito bom durante toda a apresentação, apesar de algumas pessoas reclamarem que estava um pouco baixo. A pontualidade foi seguida, com o show começando pouco depois das 21h e terminando alguns minutos antes da meia noite. O Jockey Club também mostrou-se um local acertado para grandes espetáculos quando bem organizado. Ponto para a Raio Lazer, produtora do evento que disponibilizou bares, locais de alimentação e banheiros suficientes para a multidão de pessoas que compareceram.
Entretanto, apesar de toda a grandiosidade, do dever cumprido por parte da banda, da organização do show e da felicidade dos fãs que finalmente puderam conferir o Iron Maiden no Recife, cabe aqui uma crítica que tem mais a ver com meu incômodo pessoal sobre o cenário musical que permeia todo esse início de século. Até quando as bandas antigas terão que se canibalizar para conseguir novamente o sucesso de outrora? O Iron Maiden precisava mesmo fazer uma turnê extensa como esta só mostrando uma década dos mais de 30 anos que compõe sua história? E os discos dos anos 90? E os que saíram após o ano 2000? Por que a fórmula Back in Time consegue empolgar mais do que um repertório normal?

Mas o Iron Maiden não é um caso isolado. Ainda dentro do metal um outro bom exemplo é o Metallica, que teve que voltar com um som mais próximo ao que fazia nos anos 80 para ganhar novamente a aprovação de público e mídia. O álbum Death Magnetic representou uma volta às origens de um thrash metal mais reto e tradicional, diferente da pegada stoner e hardcore do injustiçado St. Anger. Não que o Death Magnetic seja ruim, pelo contrário, mas era mesmo necessário fazer um disco assim só pra agradar o saudosismo dos fãs?

Enquanto isso, novas bandas vão surgindo sem ganhar a atenção merecida do grande público do metal. Uma delas é a norte-americana Mastodon, grupo que lançou seu primeiro disco de estúdio em 2002 e que, de lá pra cá, já soma quatro álbuns excelentes, mostrando um som que é um misto de stoner metal, thrash, sludge e metal progressivo. Inclusive, a banda acabou de lançar no final de março o disco Crack the Skye, que tem como tema a vida e influência do místico Grigori Yefimovich Rasputin na sociedade russa.
Do lado de cá temos o Elma, banda paulistana de metal instrumental que já se apresentou duas vezes no Recife para um pequeno, mas interessado, público que compareceu ao festival No Ar: Coquetel Molotov de 2007 e ao show no Burburinho Bar no ano passado. O Elma mescla influências que vão do Melvins, Sepultura e Neurosis, até bandas como Sonic Youth e Fugazi, e entrega como resultado um som barulhento, pesado e intrincado. Um ótimo exemplo de como injetar experimentalismo e novidade dentro de um som (o metal) considerado, por muitos, datado.

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